Dom Gilberto Pastana, arcebispo de São Luís do Maranhão e bispo referencial da Comunicação no Regional NE5, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), participou na manhã desta quarta-feira (12) de sessão especial na Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão (Alema) sobre a Campanha da Fraternidade 2023 (CF2023), que tem como tema Fraternidade e Fome. A proposição foi do deputado Roberto Costa, e a sessão foi presidida pela deputada Iracema Vale, presidente da Alema.
Estiveram presentes na plenária coordenadores e membros de expressões eclesiais da Igreja particular de São Luís do Maranhão, assim como de outros municípios. Clérigos, leigos e ex-parlamentares da casa, católicos, estiveram presentes na sessão que teve como objetivo refletir de que maneira o tema da CF2023 pode ter a contribuição do poder público, sobretudo, na busca de melhoria e dignidade ao povo maranhense.
A mesa foi composta pelos parlamentares Roberto Costa, deputado requerente da sessão, Sebastião Madeira, da Casa Civil, representando o Governador em exercício Felipe Camarão, Helena Duailibe, ex-deputada estadual, padre Lauro Henrique Conrado, cura da Diocese de Bacabal, e pároco da Catedral Santa Teresinha, representando dom Armando Gutiérrez, bispo da Diocese de Bacabal, Francisco da Chagas Lima e Silva (Francisco Chaguinhas), presidente da Câmara Municipal de São Luís, e Kécio Rabelo, presidente da Fundação da Memória Republicana Brasileira (FMRB).
Durante a sessão foi apresentado um vídeo com a mensagem do Papa Francisco destina a a CNBB, para a Campanha da Fraternidade 2023, houve uma apresentação musical do canto da CF2023, executada pelos músicos Arthur Santos e Guilherme Dória. A assembleia também rezou com Dom Gilberto Pastana a oração da Campanha da Fraternidade, e no final, todos despediram-se ao som de “Porque Ele vive”.
O pronunciamento principal foi de dom Pastana, que tratou sobre o tema da Campanha, mas alguns parlamentares também tiveram um momento de fata. Entre eles, Iracema Vale, presidente da Casa: “Mesmo sendo uma casa plural, damos as mãos no enfrentamento destas ações (relacionadas à ajuda dos que precisam). Durante a Semana Santa fizemos doação de alimentos, não só para os lugares afetados (com as chuvas fortes e alagamentos no Maranhão), mas em todas as regiões do estado”, pontuou Iracema Vale durante a a sessão especial.
O proponente da sessão, deputado Roberto Costa, também falou à plenária, representando todos os membros do legislativo do estado. Ele pontuou que, apesar de uma sessão especial, o tema não é motivo de comemoração, mas, uma forma de trazer sobre fome e fraternidade dentro da Alema. Ações assim, auxiliam os parlamentares a refletirem sobre políticas públicas adequadas para o combate à falta de comida na mesa dos maranhenses.
“Dentre das suas atribuições (dos parlamentares da Alema), a maior dela é defender os direitos do povo…” lembrou o membro do legislativo do Maranhão, Roberto Costa. E ponderou:
“Através da Igreja é possível dar visibilidade ao tema. A sessão de hoje, apesar de solene, não é motivo de celebração, mas de reflexão. Mostra que a fome é uma perversão social…Milhares de seres humanos não têm o alimento básico”, discursou Roberto Rocha.
Cada membro da mesa, abordou em perspectivas diferentes, mas de igual relevância, o tema da fome. Para o presidente da Câmara de Vereadores, Francisco das Chagas, a fome é um problema relacionado, principalmente, à falta de emprego, e o fato do cidadão não ter comida na mesa é apenas uma consequência. O parlamentar tratou sobre a cadeia produtiva, e recordou a assembleia presente as riquezas naturais do Maranhão, onde o simples ato de mapear as cadeias produtivas do Estado, já serviria de subsídio importante para se organizar políticas públicas e ações voltadas ao combate à fome no Estado.
“Todos que passam fome estão sem emprego. Quantas cadeias produtivas temos no Maranhão? Um Estado rico em água, em vegetação. Onde estão a cadeia produtiva da juçara, da banan, do tomate, do arroz, mandioca, amendoim…Não adianta surfar pelos efeitos. A fome é um efeito, as causas são estas: a falta de emprego”, enfatizou o vereador Francisco das Chagas.
Já o representante do Governador em exercício, Sebastião Madeira, da Casa Civil, apontou o benefício o Restaurante Popular. “Enquanto não dermos o emprego, vamos deixar as crianças morrendo de fome?”, falou Madeira, que ressaltou, também, a importância da capacitação de pessoas para conseguirem ingressar no mercado de trabalho.
A fala principal foi da de dom Gilberto Pastana, que abordou o tema da Campanha da Fraternidade. Dom Gilberto iniciou sua fala lembrando a nomeação ocorrida no mesmo dia da sessão especial da CF2023, onde padre Ivanildo Almeida, presbítero da Diocese de Imperatriz, foi nomeado pelo Papa Francisco como bispo da Diocese de Cametá, no Pará. Tornando-o assim mais um maranhense no Colégio dos Bispos de Roma.
Dom Gilberto lembrou das vezes em que já foi homenageado pela casa, de modo particular, os momentos em que usou o espaço da tribuna para abordar temas expoentes de interesse social ligados ao povo maranhense, “Em 2016, alertei os deputados sobre a questão da região motopiba”…e desta vez, ao falar sobre a Campanha da Fraternidade, e alerta que a CF é um “Itinerário que deve levar a todos nós para a conversão e libertação…”. Lembrou que a fome é um problema que assola todo o Brasil, mas, sobretudo, o Nordeste.
“O faminto que pede comida não quer esmola, ele quer dignidade”. Pensando neste aspecto, da falta de dignidade, dom Gilberto falou sobre as diversas tragédias que assolam o Brasil e tiram a dignidade dos brasileiros: a devastação indígena, o desmatamento, o garimpo…e negar a dignidade ao ser humano, é negar a própria humanidade.
Para dom Gilberto, o problema da fome não é uma questão de falta de alimento, uma vez que o Brasil, além de ser um País com dimensões continentais, é uma Federação com grandes áreas de produção de alimento.
“Por que muitas pessoas passam fome? Somos um País de dimensões continentais. Com grandes áreas de produção alimentícia. Porque tantas pessoas passam fome no Brasil? Muitas famílias não têm acesso à alimentação. O segredo é o pão partilhado”, ponderou com a assembleia dom Gilberto Pastana. E seguiu: “Está casa Legislativa tem sua colaboração, na legislação de ações que possam amenizar a fome. Que vocês possam escutar do senhor um dia: ‘Vinde, eu estava com fome e me deste de comer. Todas as vezes que fizestes isso a um desses menores, foi a mim que fizeste'”, concluiu citando o Evangelho.
O debate em torno da segurança alimentar e políticas públicas relacionadas ao combate a fome, é importante na medida em que proporciona o avanço de ações que contribuam com o resgate da dignidade humana.
Similar ao espaço concedido para esta reflexão por parte da Alema, diversas casas legislativas pelo Brasil também abriram sessões especiais para junto com a Igreja, refletirem a situação dos que passam fome, e pensar sobre a responsabilidade compartilhada de buscar soluções em conjunto.
Fonte: Arquidiocese de São Luís