Reconhecimento dos avanços, conquistas e limitações regionais após a realização do Sínodo para a Amazônia, realizado em 2019, foi a pauta de trabalho da manhã do primeiro dia do V Encontro da Igreja na Amazônia. Realizado em Manaus, no Centro de Treinamento da Maromba, a atividade reúne bispos, religiosos, leigos e convidados para refletir sobre os caminhos da Igreja no território.
A manhã teve início com a celebração da eucaristia na capela do Seminário São José. Presidida pelo Cardeal Leonardo Steiner, ao redor do altar, os participantes rezaram a liturgia do dia. “O que anunciamos é sempre o Reino de Deus. É sobre esse Reino que anunciamos e é por ele que nossos ministérios e vocações têm sentido. Esse Reino pede liberdade, pede que cada um de nós seja despojado”, afirmou o Cardeal Leonardo em sua homilia. “E nós que deixamos tudo? Não deixamos nada diante da grandeza do Reino”, continuou.
O Cardeal ainda lembrou da importância dos missionários e missionárias na Amazônia e conclui dizendo que é preciso “sempre recordar que damos a nossa pobreza, a pobreza das nossas Igrejas, das nossas comunidades, as nossas fraquezas e tudo é transformado em Reino de Deus, tudo visibiliza o do Reino de Deus”.
Partilha das Sínteses dos Regionais
Mediada por Dom Zenildo Lima, a sessão da manhã foi dedicada à partilha dos regionais sobre o processo vivido pós-Sínodo para a Amazônia. Dom Zenildo iniciou com uma memória do processo sinodal, resgatando as experiências de construção da grande assembleia, bem como do que foi vivido em Roma em 2019.
Após a apresentação da síntese avaliativa de todos os regionais, foi aberta a palavra para manifestação dos presentes no encontro. Dom Giovani de Melo, bispo de Araguaína, destacou a importância da formação política de leigos e leigas, presente nos relatórios e da necessidade de se olhar para essa perspectiva nas Igrejas particulares.
Dom Gilberto Pastana, presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia e arcebispo de São Luís do Maranhão destacou a riqueza dos relatórios e acentuou o método, de partir da realidade, de sentir a realidade. “Um ver que tem referência com a nossa ação. Que a gente nunca perca esse referencial, especialmente quando fazemos planejamento”, destacou Dom Gilberto.
“Todos os grupos falaram da formação sacerdotal. De fato, temos situações delicadas, mas não podemos ocultar a beleza dos padres e seminaristas caboclos que fazem um excelente trabalho na Amazônia”, pontuou Dom Antônio de Assis, bispo auxiliar da arquidiocese de Belém (PA). Para ela é necessário um processo diferenciado de formação de padres na Amazônia e que vá além dos estudos acadêmicos. “Temos aí um grande desafio de pensar a formação amazonicamente, oferecendo conteúdos importantes de forma extracurricular”, afirmou Dom Antônio.
Para a religiosa Ir. Sônia Matos, representante da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) no encontro, a presença das mulheres nas comunidades foi algo de muito destaque nos relatórios apresentados. Para ela, é preciso haver mais investimento na formação das mulheres. Irmã Sônia falou também sobre a necessidade de se envolver mais mulheres nas equipes de formação e acompanhamento dos seminaristas. Ela destacou, ainda, sua preocupação com o acompanhamento dos novos padres. “Existe uma ênfase na formação, mas parece que há um ‘abandono’ quando finaliza o processo formativo e há a ordenação”, enfatizou a religiosa.
Após a participação dos presentes na atividade, Dom Zenildo Lima, encerrou as participações agradecendo pelas ricas contribuições dos regionais. Ele, como membro da equipe de metodologia do encontro, destacou que as sínteses irão contribuir com o processo a ser desenvolvido ao longo dos próximos dias e que apontarão caminhos para deliberações que serão realizadas na atividade.
O V Encontro da Igreja na Amazônia segue até a próxima quinta-feira. No período da tarde de hoje serão realizadas duas sessões, uma para uma análise de conjuntura e outra para tratar de desdobramentos pós-sínodo.