Bispos do Regional Oeste 2 divulgam mensagem por ocasião das eleições 2024

Os bispos do Regional Oeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgaram na tarde desta quarta-feira, 12 de junho, uma mensagem por ocasião das eleições municipais de 2024. No documento, os bispos afirmam que “essas eleições têm uma importância particular pela proximidade dos candidatos e candidatas com os eleitores” e pede que sejam garantidas políticas públicas que atendam principalmente aos mais pobres e vulneráveis.  

Os bispos ressaltam ainda a importância do equilíbrio entre os poderes para a consolidação da democracia e o avanço da justiça social.  

“O equilíbrio e a complementariedade entre os poderes Legislativo e Executivo são indispensáveis para a consolidação da democracia e o avanço da justiça social nos municípios. Portanto, deve ser dada igual atenção à escolha do prefeito e dos vereadores, visto que ambos devem ter um compromisso irrenunciável com a defesa integral da vida, desde a concepção até a morte natural, passando necessariamente pelos direitos humanos e sociais em todas as etapas da vida. Para isso, devem colocar afetiva e efetivamente o bem comum acima de seus interesses pessoais ou corporativos”, diz outro trecho.  

Também destacam a lei Ficha Limpa e chamam atenção para as consequências da venda ou troca de votos. “A Igreja Católica no Brasil tem longa tradição na valorização da Ficha Limpa e na denúncia da imoral e antiética compra de votos que, além de crime, passou a cassar os mandatos dos culpados3. Votar por troca de favores ou simplesmente por amizade pode comprometer seriamente nosso futuro. Voto não tem preço, tem consequência!”, afirmam.  

Leia a íntegra abaixo ou acesse o PDF AQUI

MENSAGEM POR OCASIÃO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2024 

AOS HOMENS E ÀS MULHERES DE BOA VONTADE DO REGIONAL OESTE 2 DA CNBB,
em especial aos cristãos leigos e leigas, religiosos e religiosas,
consagrados e consagradas, particularmente aos padres e diáconos. 

“Se um reino se divide contra si mesmo,  
ele não poderá manter-se.” (Mc 3,24) 

Caros irmãos e irmãs, paz e bem! 

Estamos nos aproximando das Eleições Municipais de 2024. No dia 6 de outubro próximo iremos às urnas para escolher aqueles e aquelas que estarão à frente do Poder Executivo (prefeito e vice-prefeito) e do Poder Legislativo (vereadores) de nossos municípios. 

Essas eleições têm uma importância particular pela proximidade dos candidatos e candidatas com os eleitores, bem como com suas preocupações mais concretas, por exemplo, a educação de qualidade para as crianças e adolescentes, o sistema público de saúde eficiente e para todos, a segurança para vivermos em sociedade, a moradia digna e acessível à população de baixa renda, o cuidado com o meio ambiente – nossa casa comum, a atenção especial aos povos indígenas, aos ribeirinhos e à população em situação de rua, entre outras. Diante dessas preocupações, espera-se garantir políticas públicas que atendam principalmente aos mais pobres e vulneráveis. 

Para dar uma devida resposta a essas preocupações que nos desafiam e inquietam, é necessário identificar e escolher bem os candidatos e as candidatas. Dos prefeitos municipais espera-se uma conduta ética nas ações públicas, nos contratos assinados, nas relações com os demais agentes políticos e com os poderes econômicos. Dos vereadores requer-se uma ação correta de fiscalização e legislação que não passe pela simples identificação com a bancada de sustentação ou de oposição ao Executivo. 

O equilíbrio e a complementariedade entre os poderes Legislativo e Executivo são indispensáveis para a consolidação da democracia e o avanço da justiça social nos municípios. Portanto, deve ser dada igual atenção à escolha do prefeito e dos vereadores, visto que ambos devem ter um compromisso irrenunciável com a defesa integral da vida, desde a concepção até a morte natural, passando necessariamente pelos direitos humanos e sociais em todas as etapas da vida. Para isso, devem colocar afetiva e efetivamente o bem comum acima de seus interesses pessoais ou corporativos. 

É importante verificar a história e os processos vividos, conhecer as trajetórias e o passado de quem pede o nosso voto. A Igreja Católica no Brasil tem longa tradição na valorização da Ficha Limpa e na denúncia da imoral e antiética compra de votos que, além de crime, passou a cassar os mandatos dos culpados3. Votar por troca de favores ou simplesmente por amizade pode comprometer seriamente nosso futuro. Voto não tem preço, tem consequência! 

Lembramos que todas as informações sobre os candidatos e candidatas em que se pretende votar são importantes. É preciso examinar em fontes seguras se as propostas apresentadas correspondem à realidade. Infelizmente as mentiras, hoje potencializadas pela internet, têm a capacidade de mudar a vontade do voto popular. A melhor maneira de descobrir a verdade é conversar sobretudo com os amigos e ouvir os candidatos e candidatas. Eleitor e eleitora, não permita que a mentira determine seu voto. 

Outro cuidado fundamental é repudiar quaisquer atitudes de violência e divisão. Numa sociedade plural e democrática, é legítimo que todos tenham a possibilidade de chegar às suas próprias conclusões, que nem sempre serão e nem precisam ser, iguais às dos outros. Um traço essencial do cristianismo é chamarmos a Deus de Pai-Nosso e, assim assumimos que somos todos irmãos e irmãs. Nossa sociedade, o município em que vivemos, não podem sair do processo eleitoral ainda mais divididos, pois “se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se” (Mc 3,24). Sendo assim, vamos aproveitar a oportunidade de, num período eleitoral pacífico e participativo, ajudarmos a construir uma sociedade de comunhão e amizade social. 

Enfim, encorajamos os membros de nossas comunidades que têm vocação para a atuação política direta, que se disponham à candidatura, motivados pelo espírito de serviço ao bem comum, mantendo a adesão ao projeto de Jesus Cristo e o precioso sentido de pertença à sua comunidade de fé. 

Conclamamos a todos e todas que nos unamos e rezemos pelo bom êxito das próximas eleições. E nós, bispos das Dioceses do Estado de Mato Grosso, invocamos as bênçãos do Bom Deus sobre os candidatos e candidatas, e sobre os eleitores e eleitoras. Que Nossa Senhora Aparecida nos conduza pelos caminhos da justiça, da fraternidade e da paz. 

Mato Grosso, 12 de Junho de 2024. 

Bispos do Regional Oeste 2 da CNBB: 

Dom Vital Chitolina 
Presidente e Bispo de Diamantino  

Dom Maurício da Silva Jardim  
Vice-Presidente e Bispo de Rondonópolis-Guiratinga  

Dom Jacy Diniz Rocha 
Secretário e Bispo de São Luiz de Cáceres 

Dom Mário Antônio da Silva 
Arcebispo de Cuiabá 

Dom Canísio Klaus  
Bispo de Sinop  

Dom Neri José Tondello  
Bispo de Juína  

Dom João Aparecido Bergamasco 
Bispo de Primavera do Leste-Paranatinga 

Dom Paulo Renato Campos 
Bispo de Barra do Garças