O papa Francisco lançou nesta quarta-feira, dia 04 de outubro, na festa de São Francisco de Assis, uma nova exortação apostólica. A Laudate Deum é um documento que busca complementar a Laudato Si’, encíclica publicada em 2015. O texto, dividido em 6 capítulos e 73 parágrafos, busca olhar para a COP28 que será realizada em Dubai, no final de novembro, e faz um apelo à corresponsabilidade diante da emergência das mudanças climáticas.
Bispos da Amazônia brasileira comentaram sobre as expectativas e esperanças para o novo documento do Papa Francisco. Confira:
“Nós estamos muito esperançosos naquilo que o papa vai nos trazer em acréscimo à Laudto Si’, com a Laudate Deum. Sem dúvida, nós vivemos esse tempo de esperança naquilo que o Papa vai nos oferecer, tanto no que se refere às políticas específicas, sobretudo daquelas ligadas à ecologia integral, e uma visão mais satisfatória da política, da economia, da vida cotidiana com maior inclusão dos pobres, daqueles que sofrem as consequências desse sistema que exclui e também marginaliza. É necessário, cada vez mais, essa conversão ecológica, não só num processo puramente humano, mas nesse sentido do encontro com Deus que leva a uma mudança de graça e também do coração e da mente. Nesse sentido, estamos muito esperançosos que essa nova encíclica do papa vai nos enriquecer e ajudar a crescer na defesa da casa comum.”
Dom Gilberto Pastana – Arcebispo de São Luís e Presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia
Já no pensamento do Papa Francisco, que tanto quer o bem para o mundo e para o povo, mas também com a criação, acreditamos que nesta segunda parte da Laudato Si’, nós possamos não só continuar a sonhar mas, certamente nos pequenos projetos, seguir ajudando o povo a ter um pensamento mais aberto para cuidar da casa comum, por meio de pequenos projetos que podem ser fermento na massa para continuar a cuidar da casa. Projetos grandes do mundo é uma coisa, mas a semente de mostarda, ainda tão pequenina deu sinal para o mundo. Neste sentido, que a Laudate Deum, nos pensamentos do papa Francisco, seja sinal de esperança e como ele disse também “eles não podem roubar a nossa esperança”. Assim, que também nossa Igreja, aqui no Brasil e na América Latina, e certamente aqueles países que são da Amazônia, que nós possamos continuar sendo Igreja, sendo luz e sinal de esperança iluminados por essa nova encíclica. Não só para a Natureza, mas para as pessoas, pois se queremos o bem para as pessoas, para os indivíduos, eles também serão capazes de lutar para dar sinais uns para os outros.
Dom Philip Eduard Roger Dickmans – bispo da diocese de Miracema do Tocantins (TO)
“Eu acredito que essa segunda parte da encíclica Laudato Si’, que o papa lança nesse dia 04 de outubro, dia de São Francisco, é uma carta de esperança também, junto com o que foi a primeira encíclica. Eu tenho uma expectativa muito boa, tudo aquilo que a gente tem recebido do Papa Francisco sempre nos traz esperança, sempre nos impulsiona para uma conversão ecológica, uma conversão aos pobres, uma conversão ao cuidado dos irmãos. Eu acredito que a Laudate Deum vai na mesma direção, de nos motivar a continuar nesse caminho de cuidado com a casa comum, que ele nos estimulou na Laudato Si’ e, claro, já recolhendo uma experiência prática de aplicabilidade da primeira encíclica, lançada em 2015, a partir de tantas ações que brotaram dela. aAredito que o Papa vai nos apontar caminhos bem práticos para que a gente avance, alargue a tenda para essa questão do cuidado com a natureza, cuidado com os pobres, já que é ele que fala de uma ecologia integral, cuidando da natureza, cuidando dos pobres.
A minha expectativa é que a Laudate Deum siga nessa mesma direção, reafirmando pontos importantes da primeira encíclica, e abrindo novas perspectivas para que a gente, enquanto Igreja Católica e também homens e mulheres de boa vontade espalhados no mundo inteiro, continuemos nos comprometendo com esse projeto da Laudato Si’, de uma ecologia integral. E nesse momento histórico em que a gente vive, da realidade climática, com essa realidade de Brasil que a gente tem vivido nos últimos dias, último mês, chuva demasiada no sul e seca no norte, podemos imaginar que essa nova encíclica o Papa vai dizer que nós ainda não fizemos bem o dever de casa, como ele chamaria. Nós ainda estamos muito devagar, como por exemplo a criação de uma ação evangelizadora mais comprometida com a causa dos pobres e com a mãe natureza. Que seja bem-vinda a Laudate Deum, já estamos na expectativa para que possamos começar a ler, estudar em nossas comunidades e tentar tirar daí novas lições para aprofundar o caminho que já fizemos desde o lançamento da Laudato Si, em 2015.”
Dom José Ionilton Lisboa – bispo da prelazia de Itacoatira (AM)
“Aqui em Cruzeiro do Sul, nós esperamos que a Laudate Deum possa ser, primeiro, acolhida. Muitas vezes têm gente que, por motivos ideológicos ou outros motivos, simplesmente rejeitam o diálogo, o debate. E o fato de que o Papa, poucos anos depois da Laudato Si, faz a Laudate Deum é para dizer que a reflexão continua. E é importante introduzir as novas reflexões feitas ao longo desses tempos, tanto na Igreja como fora da Igreja, como também os desafios novos que se apresentam. Se há alguns anos se falava de emergência climática e tudo o mais como umas das possibilidades, agora nós temos a certeza. Mas é importante manter o diálogo: diálogo com a ciência, diálogo com quem tem opiniões diferentes. Espero que a Laudate Deum possa nos ajudar nessa caminhada.
Segundo ponto, me parece fundamental entender que o papa está caminhando e nos convida a caminhar, a não ter certezas absolutas por todos anos, todos os tempos. A história, a reflexão sobre esse tema vai evoluindo, não somos seres estáticos. Nós somos como uma motocicleta, uma bicicleta, que são equilibradas no movimento, não ficando paradas. Eu espero também que essa exortação apostólica nos ajude a avançar, a não nos acomodar. E, depois, que nos ajude a resolver, a enfrentar esse desafio do equilíbrio de uma ecologia integral, como o papa fala.”
Dom Flávio Giovenalle – bispo da diocese de Cruzeiro do Sul (AC)
“Nesse dia de São Francisco de Assis, o querido papa Francisco está lançando uma exortação apostólica chamada Laudate Deum, que quer ser um olhar sobre o que aconteceu e dizer o que precisa ser feito. Na mesma direção da encíclica Laudato Si’ (Louvado sejas meu Senhor por todas as suas criaturas), Laudate Deum quer ser esse olhar sobre o que aconteceu depois de Laudato Si e o que precisa ser feito daqui para frente no cuidado com a casa comum. Isto é, quais as providências que devemos tomar de maneira emergente, providências a médio prazo e providências para o resto da vida. De novo se reforça a esperança de que a consciência do ser humano sobre a casa comum se reforce com os apelos de Deus inseridos no coração e na alma de nosso querido papa Francisco. Tenho certeza de que teremos elementos que vão complementar aquilo que já foi dito e também novos desafios lançados para frente.”
Dom Neri José Tondello – bispo da diocese de Juína (MT)
“Laudato Si é dom de Deus para a missão, é insipiração do Espírito para nos desafiar a tomar consciência de uma ecologia integral e de cuidado com a criação. É dom de Deus e inspiração que nos orienta a redescobrir e a refazer nossas relações com o criado, com as criaturas, com os seres humanos, com toda a criação. Pois, toda a criação comunica a vida e carece de cuidado e fomos criados para cuidar, para zelar da casa comum. Espero que a inspiração, que o Espírito Santo ilumine o papa Francisco na Laudate Deum para ampliar ainda mais o conhecimento, a sensibilização e, com certeza, nos desafiará a novos passos, novas possibilidades, de cuidar da casa comum, pois cuidando da casa comum estamos cuidando da vida, que é dom de Deus e precisa ser cuidada em todas as dimensões. Que a Laudate Deum seja para nós o dom da Graça a complementar a obra iniciada na Laudato Si.”
Dom Rubival Cabral Britto – bispo da diocese de Grajaú