A Universidade de Brasília (UnB) sedia, entre os dias 13 e 16 de junho, no Auditório da ADUnB, o 3º Fórum Internacional sobre a Amazônia (FIA). A atividade reúne estudantes, docentes, integrantes de movimentos sociais e organizações sindicais e não governamentais da Amazônia, de diversos estados brasileiros e dos demais países da Amazônia para debater a situação atual da Amazônia, os conflitos e ameaças aos seus povos, populações e ao meio ambiente.
A abertura do evento contou com a participação do arcebispo de Palmas (TO) e vice-presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica REPAM-Brasil, dom Pedro Brito Guimarães, do secretário de Formação e Organização Sindical da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), Carlos Augusto Santos, da secretária Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Edel Nazaré Santiago de Moraes, do procurador regional da República no Distrito Federal, Francisco Guilherme Bastos, da presidente da ADUnB, professora Eliene Novaes Rocha, do secretário-geral do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Dione Torquato, do diretor do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM/UnB), Mário Lima Brasil, e da decana de Extensão da UnB, Olgamir Amancia Ferreira.
Durante a abertura, Dom Pedro Brito agradeceu o convite e a parceria na organização do Fórum e chamou atenção para a atuação dos guardiões e guardiãs da Amazônia. “A Amazônia para sobreviver precisa de pessoas que a guardem, a protejam e cuidem dela. Talvez se pudéssemos adotar esse título porque somos guardiões da obra da criação. Deus é o criador e ele entregou a nós essa missão de cuidado e o descuidado é uma afronta ao que ele criou”.
Edel Nazaré, secretária nacional de povos e comunidades tradicionais, falou sobre a importância de construir propostas e ações também a partir da Universidade. “Esse momento do FIA, que tem como objetivo fazer reflexões da situação atual da Amazônia, eu poderia exemplificar na prática com a minha última ida no Acre, que hoje é um dos territórios ameaçados, onde os guardiões da floresta não estão somente ameaçados, mas correm risco de vida, onde a floresta tem gritado pedindo socorro”, lembrou.
“O perigo é muito e ele é de todas as ordens e de muitas naturezas, de violências, de embates, de ameaças e de destruição de todo o legado construído pelos povos da floresta”, ressaltou Edel.
A professora Olgamir Amancia, decana de Extensão da UnB, encerrou a abertura do evento agradecendo a participação e a oportunidade de diálogo. “O FIA é a expressão de uma luta que combina o conhecimento produzido pelos companheiros em cada um dos espaços que vão fomentando a defesa da Amazônia, mas também no espaço da Universidade. A Universidade como uma das guardiãs, como colocava Dom Pedro, nessa teia que se constrói para que tenhamos uma sociedade e um mundo melhor. E pensar num mundo melhor é um mundo que proteja o seu povo, suas florestas e águas. É pensar num mundo que olhe para a Amazônia e a reconheça como um patrimônio a ser cuidado permanentemente”.
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Participam também, pela REPAM-Brasil, a secretaria-executiva Irmã Maria Irene Lopes, a agrônoma Ana Cecília de Moura, a articuladora territorial Dorismeire Vasconcelos e a analista de projetos Jéssica Catro.
A deputada Erika Kokay também marcou presença na abertura do 3° Fórum Internacional sobre a Amazônia.
Após a abertura, ocorreu a exibição do filme “Matando por Terras”, do diretor Adrien Cowell, e uma roda de conversa com a paraense Ayala Ferreira, integrante da direção nacional do Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Território transformado, desigualdade e violência na Amazônia
À tarde, os trabalhos foram retomados com o painel ‘Território transformado, desigualdade e violência na Amazônia’, que contou com a participação do vice-presidente da Rede, dom Pedro Brito, da representante da CONTAG, Ângela de Jesus e do presidente emérito da SBPC e diretor do Museu da Amazônia, Ennio Candotti.
Dom Pedro Brito, arcebispo de Palmas (TO) e vice-presidente da REPAM-Brasil, refletiu sobre a importância da atuação em rede. “Estamos aqui, em nome do desafio desta rede de cooperação missionária. Queremos juntos tecer juntos, com as entidades parceiras, participantes deste Fórum, redes em defesa da Amazônia e da sua biodiversidade. A Amazônia corre sérios riscos não existir mais, num futuro não muito longínquo”.
O arcebispo de Palmas falou sobre a importância dos guardiões ecológicos na Amazônia e o cuidado da Casa Comum. “A Amazônia é guardiã e cuidada por guardiões. Amazônia é ecológica, é plantadora de água e de ar para a vida do planeta. E nós, muitas vezes, plantamos joios, cizânias e ervas daninhas. Da Amazônia todos somos hóspedes bem tratados nas casas alheias e dos outros. Não somos nem donos e nem colonos da Amazônia: somos hóspedes, parceiros e cuidadores. Afinal, somos hóspedes nas nossas próprias casas: a nossa Casa Comum. Moramos todos na mesma Casa Comum. E não existe plano B. Ou moramos aqui ou não moraremos em lugar nenhum. Sem ir à Amazônia, eu a cuido, eu a defendo e eu a protejo, como na minha própria casa. Na ecologia integral, nada é jogado fora. Quem joga fora seus entulhos e seus lixos, joga na cara dos outros, na sua própria cara”, defendeu Dom Pedro.
Iniciativa
Organizado pelo Núcleo de Estudos Amazônicos, do Centro de Estudos Multidisciplinares da Universidade de Brasília (NEAz/CEAM/UnB), em parceria com a Rede Eclesial Pan-Amazônica REPAM-Brasil e organizações e movimentos sociais, a atividade dará continuidade aos debates ocorridos na primeira e segunda edição do Fórum, ocorrido em 2017 e 2019.
Fonte: REPAM-Brasil