“A missão é uma vocação na Igreja”, disse o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, aos participantes da I Experiência Vocacional Missionária Nacional, realizada de 5 a 17 de janeiro, na arquidiocese de Manaus. Para ele, o evento “levou a Palavra de Deus, sendo uma presença da Palavra de Deus” em centenas de comunidades da arquidiocese, da prelazia de Itacoatiara e da diocese de Coari.
O cardeal agradeceu aos 280 missionários e missionárias pela presença nessas Igrejas da Amazônia, explicando brevemente o jeito de ser Igreja na arquidiocese de Manaus, onde as áreas missionárias se tornaram o modo de ser presença do Evangelho na vida do povo.
Na ocasião, dom Maurício da Silva Jardim, bispo de Rondonópolis-Guiratinga, disse que o evento é uma experiência missionária que é fruto de um processo já realizado, de diferentes experiências missionárias em nível diocesano e regional com seminaristas.
Dom Maurício, que foi diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM) por seis anos, enfatizou que as Pontifícias Obras Missionárias (POM), por exemplo, buscam promover o espírito missionário na Igreja de cada país, e salientou que a experiência vivida nasceu com o protagonismo dos seminaristas que decidiram realizar um congresso, buscando uma reflexão sobre a missão, e esta práxis missionária.
Segundo Ítalo Dalton, coordenador nacional, os COMISEs, organismo encarregado de animação, formação, articulação e cooperação missionária de seminaristas diocesanos e alunos das casas de formação religiosa, são uma realidade cada vez mais presentes nos seminários diocesanos e nas casas de formação de diferentes congregações religiosas.
Para ele, o organismo pode ajudar a avançar nessa vivência missionária por parte daqueles que um dia serão os presbíteros da Igreja do Brasil, superando estereótipos e preconceitos que dificultam a concretização dessa vivência missionária.
Experiências
De volta para a diocese de Joinville (SC), Mateus Siedschlag disse levar “muito aprendizado com o povo, com a cultura e principalmente quebra de paradigmas, porque a gente vem, querendo ou não, com uma visão que a gente tem de lá”.
O seminarista do segundo ano de Teologia que visitou a Amazônia pela primeira vez, afirmou que “lá se fala muito dos problemas que tem aqui, das dificuldades e das características, das qualidades também, mas quando a gente vem para cá e vivencia, então a gente vê realmente que tem sim dificuldades, mas também não são tão como aparece lá”.
Ele, que participou da experiência da Área Missionária São José do Rio Negro, destacou as muitas ações que são realizadas na Igreja de Manaus, “especialmente nas áreas missionárias onde a Igreja tenta atender, da forma que consegue, mas busca tentar solucionar os problemas e também levar a evangelização, a Palavra de Deus”.
O coração de Sildo Morais já ardia desde que foi anunciado o processo de inscrição para esta Experiência Missionária Pés a Caminho. O seminarista da diocese de Caxias (MA), chegou em Manaus carregando “a experiência do meu povo”, de uma outra região da Amazônia.
Ele está levando “a acolhida generosa desse povo e aquilo que cada experiência vivida na comunidade me ensinou para esse processo formativo, para minha dimensão futuramente como sacerdote”. Ele, que acabou recentemente a Teologia, insistiu em que “não existe sacerdócio sem a dimensão pastoral, sem a dimensão missionária”.
Conclusões do encontro
A experiência missionária ajudou a descobrir uma Igreja ministerial, com grande importância dos leigos, das mulheres, um povo que acolhe, generoso. Também foi momento de partilha, de estilos de vida, de modos de viver a fé nas diferentes regiões do Brasil, momento para que os futuros presbíteros tenham abertura a todas as realidades que fazem parte da Igreja universal.
Foi pedido que esta experiência e a missiologia se tornem algo ordinário no processo formativo dos futuros padres, um eixo transversal, ajudando a entender que a Igreja é muito mais do que a própria diocese. De fato, foi denunciada a pouca presença e incentivo da missão nos processos formativos.
Nesse sentido, dom Leonardo Steiner insistiu em “processos formativos que levem a ser missionários, não celebrantes de sacramentos”, e junto com isso que tudo no processo formativo é para a missão, para o bem do povo de Deus, buscando não uma Igreja de conservação e sim uma Igreja em saída, uma Igreja missionária.
Os missionários e missionárias viram, escutaram e levam muitas experiências que irão enriquecer sua vida, experiências que também ajudarão às comunidades locais a refletir e crescer. Mas acima de tudo, esta experiência, que quer ser estabelecida como algo a ser continuado, cobra maior sentido no pedido que os seminaristas fizeram aos formadores, aos bispos, à Igreja do Brasil: não deixem a missão de lado.
*Padre Luiz Miguel Modino – Comunicação CNBB Norte 1